terça-feira, janeiro 30

A maior dificuldade de ter dois filhos

Desde que fui mãe pela segunda vez e a nossa família ficou completa que os desafios têm sido alguns.
A maternidade é como a gravidez. Toda a gente resume as coisas menos agradáveis, porque as melhores são realmente as mais fascinantes e, o nosso cérebro, quase elimina as dificuldades. Mas, como aqui falamos da realidade tal e qual ela é, não poderia deixar de partilhar convosco aquela que considero ser a maior dificuldade de ser mãe de dois.
Este é um sentimento meu, vivido no último ano, por isso, pode não traduzir a realidade de toda a gente. Mas, se vocês são mães de pelo menos dois, partilhem qual é a vossa maior dificuldade.
Para mim, o maior desafio está na dificuldade de dividir a atenção com os dois ao mesmo tempo. Claro está que, com uma diferença de 7 anos e meio, o fator idade não é um grande aliado. Pelo menos, durante este primeiro ano, as estratégias utilizadas vão variando bastante, de forma a tentarmos encontrar um meio-termo que nos permita estar atentos ao que mais falta faz a cada um.
Mas, estar sozinha com os dois é um desafio que uns dias me deixa exausta, outros dias frustrada. O Gabriel está numa fase em que precisa de atenção para conversar. A Estrela precisa de atenção para brincar, para interagir de forma mais simples, com mais estímulos. Tentar satisfazer as necessidades básicas da mais pequena e conseguir manter uma conversa com princípio, meio e fim com o mais velho é uma tarefa difícil. Sobretudo naqueles fins de dia em que o meu cansaço, o sono da Estrela, traduzido em irrequietação, a somar à falta de paciência do Gabriel, que quer conversar e não tem condições. Ser mãe de dois mudou muitas coisas na minha atitude e forma de olhar o mundo. Mas, não mudei a forma como quero abraçar cada filho. Queria tanto ser capaz de lhes dar tudo o que eles precisam, a toda a hora. Como eu queria que isso fosse possível. Mas, não é. Não é fácil. Tento aceitar esta condição de não ser capaz de me dividir em dois seres completamente autónomos, mas não consigo. Queria ter algum tipo de super poder para conseguir dar sempre o melhor de mim a cada um deles. Por vezes, sou obrigada a pedir silêncio a um, para ser capaz de acalmar o outro. Outras vezes, sou obrigada a ligar a televisão para entreter um, para ser capaz de dar atenção a outro.
Para aquelas pessoas mais esperançosas, que acreditam que há atividades capazes de satisfazer as vontades e desejos dos dois, deixem-me que vos diga que isso existe durante uma pequena parte do tempo que precisamos partilhar com os nossos filhos. Há atividades que tentamos realizar em conjunto. Isso sim. Agora, se elas dão certo é outra questão. Há brincadeiras que eles começam a partilhar. Agora, por quanto tempo conseguem os dois estar focados e felizes na atividade, essa é outra questão.
Ser mãe de dois é maravilhoso. Há muitas coisas boas, muitas que simplificamos e nos dão uma visão muito mais realista e prática da vida, mas existem coisas como esta, que não são, de todo, fáceis de gerir.
Houvesse a facilidade em aniquilar o cansaço que, por vezes, se apodera do nosso corpo e pensamento, e talvez, tudo fosse mais fácil.

Se vocês são mães de dois e isto nunca aconteceu convosco como uma dificuldade, deixem as vossas dicas. Eu acredito que, por cá, isto irá melhorar, mas não podia deixar de registar isto nesta data. Talvez daqui a um ano a maior dificuldade seja outra. 

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