segunda-feira, fevereiro 6

Uma carta aos avós: as visitas ao recém nascido.

Sou eu que a escrevo, mas poderia ser qualquer outra mãe…

Tinha que escrever só para os avós…
Os avós são aqueles seres maravilhosos, incansáveis, que dão tudo por tudo para fazer mais e mais pelos seus netos.
É de louvar toda a preocupação e vontade de estar perto.
No entanto, queridos avós, nesta fase de pós parto há algumas coisas que gostaria de vos dizer.
Espero que não me levem a mal, mas são coisas tão simples que podem ficar esquecidas. Não sou a única a achar isso, não sou a única grávida com este tipo de pensamentos. Somos a maioria. Talvez todas. Mas, poucas têm coragem de o dizer. Por receio de criar atritos, por receio de daí advirem chatices, a maior parte de nós, vem-se controlando há muito tempo.
Mas, hoje, hoje é o dia ideal para vos dizer algumas coisas. Antes de julgarem o que vos irei dizer, não se esqueçam que o faço por admirar imenso o vosso papel na vida dos meus filhos.

Começando pelo princípio…
- O bebé nasceu. O bebé não sabe quem é o avô ou a avó. Não sabe o que significa esta relação. O bebé conhece a mãe, o pai e o irmão. E é deles que ele precisa, antes de todo o mundo. O bebé vai reconhecendo o avô e a avó com o tempo. Não queiram apertá-lo ou beijá-lo como se fosse um boneco. É um ser sensível, que precisa de sentir-se confortável. Precisa do colo da mãe, precisa do seu cantinho na alcofa. Não precisa de ser embalado o tempo todo.

- Todos os avós têm histórias e experiências para contar. Mas, nós também. Lembrem-se que as coisas mudaram tanto, mas tanto, que o que fazia sentido no vosso tempo agora não faz. E sei que o que faz sentido agora não fará um dia quando eu for avó, também. Nós temos tantos medos, tantos desejos, tantas expetativas. Conhecer esta ou aquela história não nos acrescenta muito, a não ser que estejamos à procura dela.

- Os avós têm medos. Nós sabemos que sim. Têm medo da dificuldade, têm medo das quedas, têm medo dos vírus e até das outras visitas que possamos receber. Mas, avós tenham calma. Nós temos esses medos, também. Reforçarem esses nossos medos não nos irá ajudar, em nada. Aumentará ainda mais os nossos medos, as nossas dúvidas e pode provocar-nos um grande desequilíbrio. Porque, ao mesmo tempo que queremos resolver e diminuir as nossas preocupações, não queremos ouvir as preocupações de mais ninguém.

- Os avós são sensíveis. Sim, os avós ficam muito sensíveis com o nascimento de um bebé. Mas, não precisam, sabem? Temos uma vida pela frente para criar laços e afetos. Temos uma vida pela frente para criar memórias, para partilhar momentos. Esperem pela altura certa para o fazer. Se já temos a nossa rotina para nos encontrarmos, o bebé estará incluído. O bebé não ficará de fora e, à medida que for crescendo, irá perceber quem são os avós, e qual é o papel que exercem nas nossas vidas. Se vocês significam muito para nós, também significarão muito para os nossos filhos. Não queiram que o bebé fique apenas convosco, porque ele é “apenas” um neto. O bebé deve ficar com os pais. Sabem aqueles pais que não querem estar com os filhos e vocês são os primeiros a criticar? Porque acham mal? Pois… Nós não somos assim. Orgulhem-se por querermos os nossos filhos sempre perto de nós, orgulhem-se por darmos tudo por tudo para lidar com tudo e mesmo assim, estarmos presentes, para os melhores presentes da nossa vida!

- Avós, vocês são pessoas sensíveis, eu sei. Mas, acreditem que esta fase é muito mais sensível para nós. No primeiro filho, nós, casal, debatemos tanto sobre a educação, sobre o tempo a dois, sobre os passeios, sobre os convívios. São tantos os debates que existem. Mas, é uma fase muito mais sensível para nós, acreditem! No segundo filho, temos a experiência do primeiro. Temos consciência que será uma fase cansativa para ambos. E, temos o acréscimo de ter o filho mais velho, que precisa de nós. Continua a precisar da nossa atenção, das nossas conversas, das nossas brincadeiras, dos nossos passeios a três, que agora serão a quarto. A dificuldade é, por um lado, maior. Por outro, é facilitada por algumas estratégias que adquirimos da primeira vez. Mas, continua a ser uma fase sensível para ambos. Nós estamos sensíveis. Nós precisamos de nos reorganizar, novamente. Avós, vocês já viveram tanto, vocês já conheceram tantos casais que não resistiram a estas mudanças. Só vos pedimos um pouco de paciência. Permitam que a nossa sensibilidade exista, permitam-nos reorganizarmo-nos uma vez mais.

- Avós, vocês são tão importantes para nós. Se não o fossem, não teríamos o cuidado de vos dizer tudo isto. Se não o fossem, bastava um “Cheguem-se para lá” e estava tudo resolvido. Mas, não é isso que queremos para nós nem para os nossos filhos. E, acreditamos que não será isso que querem também…
Queridos avós, respeitem a nossa sensibilidade, dêem-nos espaço para nos reorganizarmos.

- Se não conseguirmos gerir tudo sozinhos, sabemos em quem confiar. E vocês serão sempre os primeiros a quem pediremos ajuda. Porque lá está, significam muito para nós. Podemos contar convosco?



Um comentário:

  1. Obrigada Luisa. Pela mensagem Como. Unica avó presente e dedicada por amor e carinho por voces entendi a mensagem. E agradeço que me informes quando vos puder visitar. Mas nao te esqueças os netos sao duas vezes filhos.

    ResponderExcluir